Uma bela iniciativa romanista.

6 de set. de 2010


O Irã boicota a Roma

A Roma foi condenada pela Agência de Notícias iraniana (Irna) por ter aderido á campanha contra a lapidação da iraniana Sakineh Astiani. A Irna denúncia a interferência da AS Roma e anuncia um mês de boicotagem das noticias sobre o time romano. Segundo ela os vértices da Roma, inclusive Totti, estão apoiando a mulher iraniana (Sakineh) condenada pelo sistema judiciário, abrindo um novo capítulo de interferência politica nas questões esportivas inspirado pelos EUA.

Ontem, o capitão romanista Francesco Totti, mandou um ramalhete de rosas que foi colocado soube a foto de Sakineh, localizada no Campidoglio (sede da prefeitura de Roma). perto das rosas de Totti foram colocadas outras flores enviadas pelo presidente do time Rosella Sensi e pela diretoria da AS Roma.

fonte: Il Romanista / http://www.ilromanista.it/le-ultime-dai-campi/205-liran-qboicotteremo-la-romaq.html



Essa notícia, divulgada ontem, me deu um sentimento ambíguo, pois ao mesmo tempo em que fico triste com a situação envolvendo a iraniana Sakineh Astiani, sito orgulho da atitude do clube, que sou torcedor, da presidente, Rosella Sensi e, do meu ídolo de infância, Francesco Totti.

Este, massacrado diversas vezes pela imprensa italiana e internacional. Acusado de ser uma pessoa sem caráter. Francesco Totti, com certeza, não é um exemplo de comportamento desportivo. Se envolveu em diversas confusões na carreira, porém dizer que ele não tem caráter é grotesco. Todavia, esse post não é dedicado ao capitano e a repercussão de suas condutas dentro ou fora de campo, mas como um gesto de solidariedade, partido de uma instituição ou um esportista, pode obter resultados positivos.

A Roma vai ser boicotada no Irã. Fico triste apenas pelos possíveis romanistas que lá residem e não terão notícias da giallorossa. Contudo, essa postura romanista acarretou uma comoção ainda maior entre os romanos. Depois da iniciativa, muitas rosas foram enviadas ao Campidoglio onde se encontra a foto de Sakineh Astiani. Com isso, cresceu a pressão da sociedade para a intervenção italiana no caso.

Muitos devem estar pensando que um time não deveria se intrometer em assuntos não pertinentes ao futebol. Como esse caso. Entretanto, acho que deveriam fazê-lo mais. Não só a respeito da iraniana, mas a tudo. O futebol, e o esporte em geral, é capaz de paralisar uma guerra, lutar contra o racismo, ser uma resistência à um ditador (Barcelona) e até, quem sabe, ajudar a salvar uma mulher condenada a morte.

Porém, na maioria das vezes, ele é mal usado. O Real Madrid, por exemplo, foi o maior divulgador do franquismo. Mas, sempre haverá clubes como; Vasco, Barcelona, Roma e o Start (http://paradoxosdabola.blogspot.com/2010/05/fc-start-honra-acima-da-vida.html).


Devido a isso, eu e Luiz Nascimento faremos uma série de post´s, na coluna “História”, sobre o seguinte assunto: O futebol como "arma".


Agradeço ao Diego Moura por me ceder a coluna dele para esse post.


Abraçoss, Murillo Chamusca



Para quem não conhece a história:


Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.

Mesmo assim, ela foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério. Ela chegou a recorrer da sentença, mas um conselho de juízes a ratificou, ainda que em votação apertada --3 votos a 2.

Diplomatas iranianos afirmam que foi encerrado o processo de adultério e que a mulher é acusada "apenas" pelo assassinato do marido. Os juízes favoráveis à condenação de Sakineh à morte por apedrejamento votaram com base em uma polêmica figura do sistema jurídico do Irã chamada de "conhecimento do juiz", que dispensa a avaliação de provas e testemunhas.

Assassinato, estupro, adultério, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de drogas são crimes passíveis de pena de morte pela lei sharia do Irã, em vigor desde a revolução islâmica de 1979. O apedrejamento foi amplamente utilizado nos anos após a revolução, mas a sentença acabou em desuso com o passar dos anos.

Sob as leis islâmicas, a mulher é enterrada até a altura do peito e recebe pedradas até a morte.

Fonte: Folha de S.Paulo


Por Murillo Chamusca.

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