Relatos de um viajante: Avaí x Palmeiras

19 de jul. de 2010

Aproveitando minhas férias na fria e chuvosa Santa Catarina, como bom amante do futebol, na tarde deste domingo resolvi aproveitar a proximidade de Florianópolis e o jogo entre Avaí e Palmeiras para conhecer o Estádio da Ressacada. Ano passado fiz a mesma coisa, porém em um jogo do Figueirense, no Orlando Scarpelli. Na sexta-feira e no sábado o jogo era muito comentado nas rádios e televisões do estado. O jogo era tido como a partida entre o Delegado(Antônio Lopes) e o Xerifão(Scolari).

Muito também se comentava sobre o árbitro da partida. Gaciba é do Rio Grande do Sul e a rivalidade entre catarinenses e gaúchos dispensa apresentações. Todos estavam com uma “pulga atrás da orelha” no que dizia respeito ao apito.

O Estádio da Ressacada é de fácil acesso para turistas, fica na Ilha de Santa Catarina, ao contrário do campo do Figueirense, que fica situado no continente. O estádio fica ao lado do aeroporto, o que apenas piora o trânsito na única via de acesso ao campo. Logo ao chegar na ilha já era possível perceber o clima do jogo, muitos torcedores avaianos flamulavam suas bandeiras nos carros e nas motos.

Ao lado da Ressacada, é possível ver os vários campos do Centro de Treinamento da equipe. Os palmeirenses também se faziam presentes em grande número, passavam entre a torcida do “leão” tranquilamente, como deve ser. Chegamos meio “ressabiados” pelo carro ter a placa de São Paulo, mas logo percebemos que é um mal costume de paulistas, felizmente a torcida por aqui tratava o jogo como uma festa, pouco se importavam com os adversários ao seu lado.

Ao lado da bilheteria há uma grande ilustração do estádio sinalizando os setores de numerada e arquibancada. Resolvi ir de arquibancada descoberta, no Setor B, onde fica a 'Mancha Azul', principal organizada do Avaí. Na bilheteria, apenas ao dizer “setor B descoberto”, a moça já me alertou que os adversários não compravam ingressos ali. Em poucas palavras ela já percebeu que eu era paulista e julgou, erroneamente, que eu era torcedor do Palmeiras. Logo expliquei que torcia para

a Portuguesa e que era mesmo de São Paulo, mas que estava lá apenas para conhecer, e claro, dar uma secada no meu rival paulistano.

Aí veio mais uma surpresa, o setor mais em conta do estádio custa, nada mais nada menos, que R$60,00. Em São Paulo, nos jogos da Lusa, já reclamamos de ter de pagar R$30,00, os preços são salgados, mesmo tendo cadeiras em todos os setores do estádio. Depois do espanto e da “facada”, logo me posicionei no estádio, ao lado da organizada do Avaí, para sentir como se comportam por aqui.

Tudo muito tranquilo até o início do jogo, muitas famílias, várias mulheres e crianças estavam no estádio. Pouco mais de 8 mil pagantes foram anunciados ao final do jogo. Logo que o árbitro Gaciba entrou em campo, os catarinenses já se agitaram proclamando o famoso elogio “gaúcho amado”(pra bom entendedor meia palavra basta). Quando o Avaí entrou subiu à campo todos contavam em coro, o mesmo grito, até as diferentes organizadas.

Com o começo do jogo, comecei a me atentar em alguns torcedores. Aqui em São Paulo, eu pelo menos, por alguma ignorância e até 'preconceito' com o futebol catarinense, que obviamente não tem muita força e representatividade, tinha outra imagem dos torcedores do Avaí. Pude perceber que todos são muito fanáticos pela equipe, não são compostos por simpatizantes, como muitos afirmam sobre os times do nordeste, que também não posso dizer pois não conheço de perto.

A torcida, por mais que possa ser composta de simpatizantes e moradores nascidos em Florianópolis, apoiam o time com muito orgulho. Não param de cantar em nenhum momento, sempre ao lado da equipe. Qualquer falta marcada a favor do Palmeiras causava grande alvoroço. A cada queda de Kléber, o coro contra o gaúcho Gaciba se agravava. A disputa contra o Gaúcho era um jogo à parte. Era unânime na torcida avaiana que o gaúcho teria vindo para prejudicar a equipe.

Os avaianos tinham pouca confiança em sua defesa, mas não se abateram nem com a expulsão de seu jogador ao final da primeira etapa. Ao meu lado, na arquibancada, a cada cruzamento palmeirense à área leonina, uma senhora gritava em alto e bom som “FORA BRUXA!!”. Na minha frente um senhor não parava de elogiar Roberto e Caio, os dois jogadores que brilharam na partida e que têm um carinho muito especial vindo da torcida. Pode-se perceber que eles nutrem uma certa 'raiva', não no mal sentido, da grande mídia nacional que não os dá um espaço devido.

A grande maioria dos gritos da torcida avaiana faziam menção à presença do Avaí na primeira divisão, às vezes cutucando seus rivais de Floripa. Durante o intervalo, algumas camisas comemorativas ao 100º jogo do time na Série A foram sorteadas. Para eles, estar na primeira divisão já é um feito e tanto, são conscientes. O terceiro gol avaiano, deu uma alegria e uma explosão ao estádio que deixariam qualquer admirador do futebol feliz, menos os palmeirenses, claro. Ao quarto gol, fui puxado por alguns torcedores e abraçado por uma senhora.

Eu comecei o jogo torcendo contra o Palmeiras, pela rivalidade em São Paulo, mas ao final da partida eu estava torcendo a favor do Avaí. Não era mais por ser contra meu rival, mas sim por querer ver aquela galera feliz, aquela torcida apaixonada, novatos do futebol, que pouco apareceram e pouco têm como aparecer. O Avaí ainda não tem uma estrutura à ponto de fazer grandes campeonatos nacionais, as limitações do futebol regional não permitem. A única forma que têm de mostrar sua cara ao Brasil é batendo os 'grandes', como fizeram contra o São Paulo e o Palmeiras.

A torcida tem ciência de que a equipe não é espetacular tecnicamente, tanto é que ao final do jogo gritavam “GERREIRO! GUERREIRO! TIME DE GURREIRO!”. Enfim, gostei do que ví, um estádio muito bem cuidado, muito bonito. Uma torcida hospitaleira e um bom jogo de futebol. Mais um estádio para minha conta futebolística e uma experiência a mais adquirida.

Porém, preciso voltar logo para São Paulo, o Canindé é meu lugar, a Portuguesa é minha paixão. Esse jogo me deu um ânimo a mais, já que não ia ao estádio desde o começo da Copa, mas ainda preciso ver minha Lusa.


Taí um relato de um “viajante do futebol”.

Por Luiz Nascimento.
http://www.sanguerubroverde.blogspot.com/


1 comentários:

Guilherme disse...

Roubaram o Palmeiras... só pra constar...
volta portuga!!!

abraço querido!!!

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