Um circo desnecessário para um desfecho esperado

10 de set. de 2010

Na última quinta-feira(10), a Federação Portuguesa de Futebol, em reunião realizada em Lisboa, definiu a demissão do técnico da Seleção Portuguesa, Carlos Queiróz. O treinador já estava balançando no cargo desde a eliminação portuguesa da Copa do Mundo da África do Sul. Uma página desgastante, desnecessária, e por que não vergonhosa, é virada na história da "equipa das quinas".

Poucas pessoas eram favoráveis à permanência de Carlos Queiroz no posto de treinador nacional, a grande maioria queria uma mudança desde a classificação de Portugal ao Mundial de 2010. Vale lembrar que Queiroz só conseguiu classificar a seleção lusa na repescagem. Porém, a teimosia, principalmente do presidente da FPF, Gilberto Madaíl, fez com que o treinador fosse à África do Sul e fizesse uma campanha muito fraca.


A relação desgastante entre Carlos Queiroz e o elenco ficou evidente no atrito que o mesmo teve com Deco no Mundial, assim como com Cristiano Ronaldo. Porém, a FPF demorou a demitir o treinador. A primeira razão para a demora seria a alta multa recisória do contrato vigente com o Queiroz. Enquanto isso, de vários lados foram sendo lançadas pedras contra o treinador português.

Primeiro, o treinador foi acusado de agredir verbalmente e impedir o trabalho do controle anti-dopagem de Portugal na pré-temporada da seleção lusa em Covilhã. Por isso, Queiroz foi julgado e punido com 6 meses de suspensão. Depois disso, o técnico deu uma declaração infeliz ao jornal Expresso, de Portugal, dando ao vice-presidente da FPF a autoria de um movimento a favor de sua demissão.

A Federação Portuguesa de Futebol resolveu abrir um novo inquérito contra o treinador, para analisar e quem sabe punir o mesmo por tais declarações. O princípio do julgamento do caso ocorreu no mesmo horário em que Queiroz foi oficialmente demitido.

Tanto a punição pela interferência no trabalho do controle anti-dopagem, como o inquérito pelas declarações feitas sobre Amândio de Carvalho, foram praticamente que "orquestradas" pela própria FPF a fim de que tivesse argumentos para demití-lo por justa causa. Unido à isso, o tempo excessivo sem tomar as providências cabíveis quanto ao futuro do treinador foram deixando os torcedores portugueses irritados, assim como colocou as pessoas e a mídia contra Carlos Queiroz.

Todo esse circo montado em torno do caso poderia ter sido evitado caso existisse profissionalismo na Federação Portuguesa de Futebol. Uma imagem nada boa foi passada ao mundo e à FIFA, imagem essa que pode interferir na condidatura ibérica à sede da Copa do Mundo de 2018 ou 2022.

Quanto à demissão do técnico, é quase unânime a concordância. Queiroz não realizou um bom trabalho frente à Seleção Portuguesa e não dava sinais de recuperação, ainda mais depois dos primeiros resultados nas Eliminatórias para a Eurocopa de 2012, com o empate frente ao Chipre(4x4) e a derrota para a Noruega(1x0).

Paulo Bento(foto acima) é o nome mais cotado para assumir o cargo de treinador da "equipa das quinas". O ex-jogador e ex-treinador do Sporting é o preferido do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, além de ter um ótimo relacionamento com o astro Cristiano Ronaldo. Porém, outra bancada da FPF prefere Humberto Coelho. O presidente da federação lusa está tentando convencer a todos que o ex-leonino é o melhor nome no momento.

Alguns técnicos extrangeiros foram citados, mas por enquanto não passam de boatos. O que se sabe é que os homens da federação querem um treinador português e que conheça bem a fundo o futebol nacional, além de ser disciplinador e motivador. Essas qualidades são atribuídas a Paulo Bento. Só o tempo dirá se mais uma mudança conseguirá dar à Seleção Portuguesa o rumo que ela tem condições de tomar.

Fotos: Publico.pt e Abola.pt

Por Luiz Nascimento.
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