“Verás que um filho teu não foge à luta”, ou não!!!

12 de out. de 2010


Neste post, não tratarei sobre assuntos pertinentes ao futebol, mas de outra bola, a de vôlei. Nossa seleção consagrou-se tricampeã mundial no domingo, em Roma. Todavia, não venho aqui parabenizar esse feito e sim criticar a atitude da comissão técnica e dos jogadores, de entregar o jogo para a Bulgária, como afirmou o líbero Mário Jr após a conquista.

Isso ocorreu devido ao regulamento, que favoreceria os italianos, donos da casa. O primeiro colocado do grupo N, onde estava a nossa seleção, iria para o grupo Q na terceira fase, enfrentando adversários mais fortes, Espanha e Cuba. O segundo, como nos classificamos, pegaria uma chave teoricamente mais fraca, Alemanha e República Tcheca.

É óbvio o favorecimento aos italianos, porém entregar o jogo e fazer parte deste circo é inconcebível. A Federação Brasileira de Vôlei deveria ter procurado outros meios de lutar contra o sistema e não fazer parte dele. Os jogadores poderiam ter entrado com braçadeiras pretas em protesto, ou, até mesmo, se recusarem a jogar. Não sei qual seria a pena para essas atitudes, mas, com certeza, a receberíamos de cabeça erguida.

Antes da partida, eles vieram com o discurso de honrar o esporte e a nossa seleção. No entanto, não o fizeram, pois entregaram o jogo, de maneira clara e escrota para enfrentar equipes mais fáceis. O público presente, com razão, protestou com vaias, coros de “vergonha” e “palhaçada” e viraram-se de costas para a quadra. Muitos jogadores pareciam envergonhados após o episódio. Entretanto, alegaram como defesa que outras seleções estavam fazendo o mesmo, inclusive a búlgara.

Realmente isso ocorreu nesse mundial. Algumas seleções fizeram corpo mole para beneficiarem-se do regulamento. Problema delas! Eu não esperava isso da nossa. Não precisávamos disso para ganhar, porque somos os melhores há mais de uma década. Não serei hipócrita e dizer que assisto a todos os jogos da super liga, que sou um fanático pelo esporte. Vejo apenas alguns, mas sempre acompanhei e tive orgulho da seleção brasileira de vôlei. Sentimento perdido pela de futebol há muitos anos. Podem achar que não sou patriota. Aliás, não sou, se você considerar que sê-lo é apoiar esse tipo de atitude e ficar concordando com tudo o que é feito neste país.

Como já disse em outro post: o esporte pode e deve ser usado para tentar melhorar a sociedade e combater as injustiças nela. Os atletas são uma referência para milhares de crianças e adolescentes, que os idolatram. Nesse caso, nossa seleção masculina de vôlei, deu um péssimo exemplo para eles ao sujeitar-se a essa vergonha, escolhendo o caminho mais fácil. Como fazem, infelizmente, uma parcela da população, que optam pela criminalidade e corrupção, para se beneficiarem. Em vez de lutarem contra o sistema pelo caminho mais árduo e digno.

Os filhos de nossa pátria fugiram à luta. Espero que isso fique como lição de como não devemos agir.


Murillo Chamusca

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