Paulistão 2011: muitas coisas mudaram, algumas pra pior...

5 de nov. de 2010

O Campeonato Brasileiro vai terminando, em todas as suas divisões, e aos poucos volta-se a falar sobre os campeonatos estaduais do próximo ano. Como de costume, nesse final do mês de outubro, a Federação Paulista de Futebol realizou o Conselho Arbitral do Paulistão Série A1 2011. Algumas grandes mudanças acontecerão, tanto na fórmula de disputa como na sempre polêmica arbitragem. Porém, o grande problema do Paulistão não foi resolvido, muito pelo contrário, foi expandido: a desigualdade e o aumento da distância econômica dos times do interior, em especial, e dos quatro times que sempre recebem verbas maiores.


Nem só de boas mudanças foi marcado este Conselho Arbitral. Uma das maiores reivindicações dos clubes do interior, em conjunto com a Portuguesa, mais uma vez não foi atendida. A malfadada divisão de cotas televisivas. Neste ano, por exemplo, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo receberam R$7,5 milhões da FPF referentes às cotas de TV, enquanto os outros 16 participantes tiveram que se contentar com apenas R$1,4 milhão.

Para 2011, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo selaram um acordo diretamente com a Rede Globo válido até 2015. Cada um desses clubes receberá R$ 9,5 milhões para disputar o próximo Paulistão. O valor será mantido na temporada 2012, mas entre 2013 e 2015 alcançará a marca de R$ 11,5 milhões por ano. Fora isso, os quatro clubes que firamaram acordo com a Globo recebrão R$10 milhões de luvas pelo contrato assinado. Já os outros 16 clubes participantes receberão a miserável quantia de R$1,8 mi da Federação Paulista de Futebol.



O Campeonato Paulista é, sem dúvidas, o mais disputado do país. As equipes do interior de São Paulo conseguem montar equipes competitivas, com muito custo, mas talvez por estarem no estado mais rico da federação conseguem uma captação de recursos e estrutura maior. Outro fator que auxilia nessa força do futebol paulista é a visibilidade, muitos jogadores de razoável nível técnico vêm para um clube do interor paulista em busca de destacar-se e ser visto por grandes clubes e empresários, alavancando suas carreiras.

É fácil notarmos como o futebol do interior paulista é forte, basta vermos a representatividade que ele possui nas camadas inferiores do Campeonato Brasileiro. Na Série B, por exemplo, São Paulo possui hoje 6 equipes, e na própria Série A são mais 6 clubes, marca que nenhum outro estado chega perto de alcançar. Porém, essa força já foi maior, os clubes tradicionais já perderam força e hoje figuram camadas inóspitas do campeonato nacional. Muitos dos clubes vivem de dinheiro público, proveniente da prefeitura de suas respectivas cidades, ou alugam a camisa à empresários.

Chega a ser vergonhosa a omissão vinda da Federação Paulista de Futebol para com seus afiliados, sem contar com alguns de seus fundadores. É natural que os clubes de maior torcida e maior representatividade no cenário nacional recebam mais verba para a disputa do estadual, mas não se pode desmerecer de tal maneira as outras agremiações. Há equipes no Paulistão que disputam apenas essa competição durante o ano inteiro, para elas as cotas devem ser menores mesmo, sem contar com a diminuta torcida.


Porém, temos equipes de um nível um pouco mais alto, que representam o futebol paulista e a própria FPF nacionalmente, seja na Série A como na Série B. Prudente, São Caetano, Santo André, Guaratinguetá e Bragantino, por exemplo, mereceriam uma cota maior, no mínimo o dobro da que recebem, já que possuem uma representatividade nacional muito maior que São Bernardo Oeste e etc. Outras equipes com mais tradição, como o Botafogo de Ribeirão Preto, que possui uma das maiores torcidas do interior e um dos maiores estádios do estado, merece mesmo assim um tratamento superior à outros clubes.

Entretanto, há outras agremiações que merecem ainda mais da FPF por possuírem uma tradição infinitamente maior que os restantes clubes que disputam o campeonato e que possuem uma torcida numerosa, fator que infui diretamente nessa questão de cotas televisivas. É um absurdo que a Portuguesa receba a mesma cota dos outros 15 clubes da competição, uma equipe tri-campeã paulista, diversas vezes vice-campeã, de uma torcida muito maior que das equipes do interior e que já foi inclusive vice-campeã brasileira, já representou o país no exterior e que sempre rendeu as melhores revelações que o futebol paulista já teve.

É claro que não se pode criar uma cota exclusiva à Portuguesa, mas também não podemos esquecer de Guarani e Ponte Preta, expoentes do futebol caipira, donos das maiores torcidas do interior de São Paulo. Não citemos o Guarani neste ano por ter caído à Série A2, mas mesmo assim merece reconheciemento, já foi campeão brasileiro. Mas a Ponte Preta, por exemplo, é outra equipe que sempre figura boas posições no Paulistão, uma equipe tradicional, centenária e que merece maior respeito da FPF. Não se pode comparar esses três times, muito menos a Portuguesa, com Linense, Noroeste, Ituano, Mirassol, Mogi Mirim, Oeste e São Bernardo, como todo respeito que eles merecem.
Infelizmente, não se pensa mais na força do futebol paulista, na tradição das equipes, na torcida que elas possuem. Futebol é negócio, lamentavelmente. Depois, quando o início do Paulistão se aproxima, vemos mais da metade dos estádios do estado inteiro sendo interditados por falta de condições estruturais. Quando isso ocorre, a FPF lava as mãos, assim como quando a imprensa reclama das condições péssimas dos gramados do interior, outra vez a FPF se omite. Como esses clubes serão capazes de manter seus estádios sendo que nem os jogadores conseguem pagar?

Hei de concordar com o presidente do Bragantino, Marcos Chedid, em entrevista ao "Estadão" após a definição das diretrizes do Paulistão. O cartola de Bragança afirmou que o mais correto para se decidir a divisão das cotas à todas as equipes, seria a realização de um Ranking dos clubes paulistas, assim como é feito nacionalmente pela CBF. Nesse ranking seriam creditados pontos às equipes por seus desempenhos em toda a história do Paulistão. A nível nacional é assim que funciona, as equipes são listadas e tratadas, até em caso de participação na Copa do Brasil, por meio do ranking nacional. Porém, duvido que isso aconteça tão cedo, ennquanto o futebol paulista vai agonizando, ao passo que a FPF cospe no prato que há tantos anos a sustentou...

Por Luiz Nascimento.
http://www.sanguerubroverde.blogspot.com/

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