Gênova se tornou palco perfeito para os grupos neo-fascistas da Sérvia

15 de out. de 2010

Na última terça-feira, o jogo entre Itália e Sérvia foi cancelado após os jogadores e os torcedores presentes no estádio Luigi Ferraris, em Gênova, terem sua segurança comprometida. Noticiado com exaustão, o fato deu-se após torcedores sérvios lançarem bombas ao gramado. O árbitro da partida tentou levar o jogo adiante, mas aos 6 minutos teve de suspender as atividades dentro do campo.


No âmbito esportivo, a Itália deve ser considerada vencedora da partida pelo placar de 3 a 0. A UEFA estuda punições severas aos Sérvios, cogitam até excluí-los das Eliminatórias para a Eurocopa de 2012. Ex-jogadores sérvios acusam o governo do país de negligenciar a existência de hooligans na Sérvia há mais de 20 anos, e afirmam que hoje vê-se as causas incontroláveis dessa omissão.

Porém, a causa maior desses ataques sérvios em Gênova fogem do campo desportivo. A maior causa de todo esse conflito é política. As polícias sérvia e italiana, após investigações, chegaram à conclusão de que o grupo de "baderneiros" são na verdade apenas executores de ordens e interesses de grupos políticos de extrema direita da Sérvia.


Segundo uma reportagem publicada pelo jornal "O Estado de São Paulo" na última quinta-feira, "cerca de 3 mil 'torcedores' teriam tido suas passagens e custos pagos por grupos políticos para ir até Gênova executar violência". Esse é apenas mais um ato de protesto dos grupos neo-fascistas, que tiveram muita visibilidade em outro caso no último domingo, a Parada Gay, que terminou com centena de feridos e presos.

O estádio de Gênova e a partida contra um das mais fortes seleções de futebol do mundo foram palco perfeito para os direitistas terem seu protesto visto por todo o mundo. Os vândalos tiveram como interesse manchar a imagem do país no que se refere à candidatura sérvia como postulante à integrante da União Européia.


Os integrantes dos mais importantes grupos políticos de extrema-direta da Sérvia são veteranos das guerras da Bósnia e do Kosovo nos anos 90. Eles reivindicam uma mudança nos tribunais estabelecidos pela ONU para julgar seus líderes. Os partidos mais moderados do país defendem a deportação dos criminosos de guerra com o intuito de mostrar à UE que o país está sendo rígido com os rebeldes.

Dentre os cartazes exibidos na última terça-feira no estádio Luigi Ferraris, os mais impactantes eram "O Kosovo é nosso" e "Morte aos albaneses". Vale lembrar que o Kosovo declarou-se unilateralmente independente da Sérvia em 2008. Posteriormente os EUA, a França, Portugal e a Alemanha reconheceram sua independência. Porém, os sérvios são contrários à essa separação, têm pra sí que o Kosovo é um território que ainda os pertence.


Quanto ao cartaz "Morte aos albaneses", deve-se ao fato de a maioria da população residente na região de Kosovo ser albanesa. Os "torcedores" sérvios queimaram uma bandeira da Albânia na confusão de terça-feira.

Os conflitos territoriais que norteiam a vida dos países que antes integravam a Iugoslávia parecem não ter fim. O futebol, mais uma vez dentre tantas na história do mundo, é usado como mecanismo político. Na própria Sérvia, na década de 90, um jogador do Estrela Vermelha utilizou de seu status no clube para recrutar centenas de pessoas que posteriormente cometeriam atrocidades na Bósnia e na Croácia.

Os líderes dos grupos neo-fascistas exigem que os responsáveis pelos distúrbios sejam soltos, ameaçando um "banho de sangue" caso eles sejam punidos pelo governo. Porém, o governo sérvio está de mãos atadas já que esses líderes políticos estão diretamente ligados aos poderes judiciais do país, além de terem uma grande influência na polícia sérvia.


Voltando ao âmbito desportivo, alguns jogadores da Seleção Sérvia estão sendo acusados de incitarem a violência dos neo-fascistas em Gênova. Alguns atletas teriam se dirigido à torcida fazendo o gesto que simboliza a "Grande Sérvia", símbolo maior dos nacionalistas do país. O grupo político se diz protetor dos valores tradicionais da Sérvia, bem como da religião e da família. O grupo está incumbido de alertar a população sobre a opção de o país entrar na União Européia, fato que eles contrariam.

A verdade é que o país está prestes a entrar em uma guerra civil, e o futebol é manchado mais uma vez.

Por Luiz Nascimento.
http://www.sanguerubroverde.blogspot.com/

1 comentários:

Unknown disse...

Neste momento, melhor, desde há uns anos... Sempre que há competições com Sérvios há problemas...Lembrei-me do soco que o Felipão tentou acertar num sérvio (que estava pedindo o jogo todo para que houvesse briga) aquando treinador da seleção portuguesa... RUA COM ELES dos Estádios!!!

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